sexta-feira, 30 de abril de 2010

Pássaros

O que os pássaros falam?
Som que para muitos é tão igual,
Mas não é!
Qual significado daqueles sons que emitem o dia todo?
Ouvi dizer que cada grande grupo,
Tem seu espírito;
Cada um em um plano.
Até mesmo as pedras:
Imagine o pensamento de uma rocha durante todo o tempo até se dissipar no ar como grão de areia que será vento, nuvem, chuva, barro, terra, planta, flor, fruto, homem, semente, pássaro...

"As formigas movem o mundo."
E quando uma morre, o mundo para.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O Cordel do Fogo que não Apaga

A zabumba zunindo
E o berimbal estrala no peito do sabiá que canta.
GRITA!
O Cordel não tem domínio.
Tem poder,
Que é do Povo.
Não tem dono.
É de todos os anjos caídos nesse terreiro de samba,
Terra seca, que vai molhar
Ao cair das lágrimas de quem acompanhou, viveu e sentiu:
O empurrão, na alma, dessa oração forte
De Fogo Encantado
Que não apaga nunca!

p.s.: verdadeiramente triste.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Um Lugar Chamado Lucidez

Meu diário de bordo não está nem na metade.
Tantos lugares inexplorados em meus pensamentos,
Que nem sei se o completarei algum dia.
Mas de todos que já estive,
Com certeza o mais louco
É um lugar chamado Lucidez.
Inabitado.
Só encontrei nômades por lá.
Ciganos loucos que o perambularam por segundos.
Bichos-grilos procurando Wood Stock.
Lugar distante da literatura beatnick,
Onde Kerouac convesou com Casteñeda.
Mas nunca quiseram construir casa por lá.
Penso que seja porque o solo é muito debilitado,
São vários os deslizamentos, deslizes, erosões, depressões
que acontecem lá: diariamente.
Com certeza Huxley um dia esteve lá também,
Mas não encontrou nenhuma porta.
Por aquelas bandas, nunca houve nenhum louco o bastante
Que assumisse o posto de rei.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Green

No tempo da flauta encantada,
Eu era fauno que tocava bem.
Nunca fui nada além de imaginário.
Meu nome é Green.

domingo, 4 de abril de 2010

Clave Morta

“Seus meninos já são homens”
Sensação de velho – ser velho.
Me tiraram o sentir.
Doeu.

A gaita chora sem violão que a acompanhe.
Solitária e fria.
Instrumento triste,
Que toca nos becos à noite – com os mendigos;
Nas cadeias dos filmes.

Chora um blues arrepiado,
Passa seco na garganta
E não consegue voltar pra casa.

- Socorro! Não há base que entone meu solo.

Essa clave assassinada
Implora por ressurreição
Em dia de páscoa.