segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Da última caixa

Dentro da menor caixa,
Dentro de todas as outras maiores.
Lá está a resposta.
Surpresas já me cansam.
Odeio esse joguinho de abrir presentes - dentro de presentes.
Caixas e mais caixas,
Que nunca acabam.
E pra piorar sempre tem papel picado entre uma e outra.
Isso me causa uma náusea enfurecida.
Vômito de liberdade.
Sai tudo, até as vísceras impuras,
Ensangüentadas,
Fétidas;
Inúteis.
Quero minha casa.
Minha cama.
Meus livros!
E aquela poltrona que nunca tive.
-Por favor, apague a luz! Vou ler agora.
As lentes dos meus óculos estão invertidas.
O lápis já não tem ponta.
A música começou em seu fim - meu fim.
A inércia dessa reticência infinita.
Cambalhotas.
Acrobacias ousadas...
Gravidade zero.
Todo mundo voando - menos aqueles que cortaram suas asas.
A porta se abriu,
Mas no fim do corredor tem outra.
- O banheiro é a segunda à esquerda.
Droga!, papel higiênico acabou.
Sem lápis, sem papel...
Liga o chuveiro e escreve com o dedo no espelho embaçado:
Não sei você,
Mas tenho uma sensação de estar sendo sonhado.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Viagem Coletiva

Uma guitarra que canta.
Cada fresta da música,
Era completada por seis cordas,
Duas mãos...
E uma viagem coletiva.
O irreal perseguia todos os pensamentos.
Vontade de perguntar:
- Você está vendo isso?
Ninguém poderia responder.
Tudo pode ter sido apenas:
Mais uma conversa telepática alucinógena.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Caleidoscópio da Vida


Gira o caleidoscópio da vida.
Os acontecimentos caem.
Pessoas aparecem.
Lugares mudam.
Sentimentos somem.
Para cada forma bonita,
Só resta ser guardada na memória.

Gira o caleidoscópio da vida,
Muitas vezes precipitadamente - na maioria das vezes.
E tudo muda:
Pessoas caem.
Lugares aparecem,
Sentimentos mudam.
Acontecimentos somem.
Para cada forma feia,
Almeja-se um giro... que não vem.

Gira o caleidoscópio da vida.
Pode ser seu último giro,
Mas se não for, um dia será.
Lembre-se de cada giro,
Espere ansiosamente cada novo giro.
No caleidoscópio da vida,
Há sempre coisas horríveis.
Mas há também coisas magníficas.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Alguém que nunca vi

O som de um violão que nunca conheci.
A voz sublime de alguém que não conheço.
Mas alguém conhece.
Conheceu.
Irá conhecer.
O ar fresco, puro: certeza de paz.
Excelsitude extraterrena.
Uma dose de natureza incalculável;
Respira, come, canta, sente, vive felicidade.
Em tudo que está presente,
Tudo que disse: a alegria.
Sonho feliz.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Coração de Brinquedo

Coração errante
Corre...
Bate acelerado.
A risada finda.
Sarcástica,
Seca...
Idiota.
As pernas cansadas,
Trêmulas
Já nem sabem aonde vão.
O corpo pesado - sem o peso da consciência -
Segue na constante inércia de um passo.
E passa...
Vento, instante, hora.
Passa a vez.
A cabeça rola,
Porque o pé chuta.
E só bate na trave.
Ruim de mira.
Coração de plástico
Para...
Já nem bate mais.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Embriaguez

A derrota de um dia ressaqueado.
Lembrar das brincadeiras de criança causa algum tipo de náusea.
A garganta seca: arranha;
E o amargo na boca.
O corpo treme.
Pede um banho de cachoeira - que não tem.
Bebi toda minha felicidade em um copo de rum,
Mas foi muito pouco.
Feliz ano velho amigos!