sábado, 19 de julho de 2014

Amanhã sem mim e si

Raiz (sem)
Caule (sem)
Cerne (sem)
Seiva
Folha seca
Seca.
Seca!
Já não se fala em dança da chuva,
Oferendas, rituais, simpatias.
Não se benze, não se cose.
A venda no olho do mundo está tão apertada,
Há tanto tempo...
Pulsa, lateja, dói a nuca.
Só se vê o aperto seco tentando ter cor de luz
Na pálpebra fechada - colada.
Nem lágrima, nem riso.
Só o barulho surdo de oco no pulso.
Projeto de gente
Híbrido de larva e asno.
Submisso.
O orgulho e a vontade de tudo
Abduzidos
Alienados
Nem sequer caminham.
Transformaram o último lapso de saber em idioma próprio,
Cada um por si
E quem ainda tenta contato
É só mímico profissional.
Mutação cervical de três vértebras a mais
Tiraram o equilíbrio e só se vê o chão.
Espero que amanhã não seja assim.