quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Recém Nascido

De onde me vejo
Sei que não falta muito.
Sinto-me na terceira pessoa.
Meu corpo é casca
Que nasceu velha
E morrerá jovem.
Dentro dele já não me cabe.

Daqui de cima
Fica claro o tabuleiro,
As peças se movendo
Sem saber, perceber.
Não se sabem nem se conhecem.
Vejo as cascas vivas
Corpos
Mortos vivos.

Com meus pensamentos sou.
Aqui só os sinto.
Nesse velório intermitente
Esperamos que os defuntos se levantem.
Renunciem seus nomes;
Enfim, possam nascer.

De onde me vejo
Sei que não falta muito.
Porque aprendi a respirar.

2 comentários:

Ritmo das Criaturas disse...

lembrei de um clássico do cinema: o sétimo selo

Arthur disse...

Muito bom esse filme!